Desci a manhã numa rua orlada de Tejo fugidio
Hoje cá vai mais um esquisso retirado do baú das memórias e do Amor.
Espero que continuem a gostar!
Desci a manhã numa rua orlada de Tejo fugidio
Desci a manhã numa rua orlada de velhos candeeiros de ferro forjado e inclinada de sol e de Tejo fugidio. Ainda sentindo o cheiro da aurora campestre ribatejana, Lisboa pareceu-me, contudo, limpa e perfumada. Falta-lhe o odor das bestas e o cacarejar das galinhas receosas pelos pintainhos saídos do ovo. Mas tem o formigar de gentes que ficou lá atrás, e deixou para mim esta nesga de rio que emoldura a janela do meu quarto. Mesmo quando, como agora, ao longe falta visibilidade, os contornos da outra margem impõem-se na imaginação de quem conhece o É deste rio. Aos olhos de quem o ama (como quando se ama muito alguém muito querido) não é difícil desenhar-lhe as beiras que alarvemente teimam em inundar a lezíria e o sonho.
Recordo-o sempre numa admiração de primeira vez, que já não sei quando foi. Perdida no sótão da minha meninice surge a memória de um domingo onde o sol e o Tejo dão vida à minha felicidade amparada pelo amor do Pai e da Mãe.
Depois perdi o Tejo. Quase o esqueci. Convivia com ele de tal forma que deixara de dar-lhe valor. Como acontece quase sempre quando temos o paraíso. E nas noites quentes de Agosto e de L. reencontrei-o. Descobri a cidade e o rio, e aprendi a amá-los mais ainda, porque os conheço. E agora, não quero perdê-lo. (Já basta ter perdido o L.!) Quero acarinhá-los como se me pertencessem. Naquela pertença consentida (e mesmo partilhada) no amor feito perfeição.
E cada vez que olho os telhados antigos desta Lisboa teimosa e gaiata e o espraiar dolente do Tejo, o Amor cresce em mim.
(c) Dulce Dias - 1995-07-31
Espero que continuem a gostar!
Desci a manhã numa rua orlada de velhos candeeiros de ferro forjado e inclinada de sol e de Tejo fugidio. Ainda sentindo o cheiro da aurora campestre ribatejana, Lisboa pareceu-me, contudo, limpa e perfumada. Falta-lhe o odor das bestas e o cacarejar das galinhas receosas pelos pintainhos saídos do ovo. Mas tem o formigar de gentes que ficou lá atrás, e deixou para mim esta nesga de rio que emoldura a janela do meu quarto. Mesmo quando, como agora, ao longe falta visibilidade, os contornos da outra margem impõem-se na imaginação de quem conhece o É deste rio. Aos olhos de quem o ama (como quando se ama muito alguém muito querido) não é difícil desenhar-lhe as beiras que alarvemente teimam em inundar a lezíria e o sonho.
Recordo-o sempre numa admiração de primeira vez, que já não sei quando foi. Perdida no sótão da minha meninice surge a memória de um domingo onde o sol e o Tejo dão vida à minha felicidade amparada pelo amor do Pai e da Mãe.
Depois perdi o Tejo. Quase o esqueci. Convivia com ele de tal forma que deixara de dar-lhe valor. Como acontece quase sempre quando temos o paraíso. E nas noites quentes de Agosto e de L. reencontrei-o. Descobri a cidade e o rio, e aprendi a amá-los mais ainda, porque os conheço. E agora, não quero perdê-lo. (Já basta ter perdido o L.!) Quero acarinhá-los como se me pertencessem. Naquela pertença consentida (e mesmo partilhada) no amor feito perfeição.
E cada vez que olho os telhados antigos desta Lisboa teimosa e gaiata e o espraiar dolente do Tejo, o Amor cresce em mim.
(c) Dulce Dias - 1995-07-31
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