Adeus a Sapadores

Ainda e sempre no baú inédito dos meus rascunhos!

Adeus a Sapadores


Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida. E Sapadores tem a mesma magia de sempre.

Fui hoje despedir-me daquele 4.º andar do n.º. 7 da Rua Capitão Humberto Ataíde. Não vou negar a pena que senti por deixar aquelas escadas íngremes e velhinhas, por não voltar a ver a nesga de Tejo que me fazia agradecer por acordar viva. O sol lavava o rio em cada parto matinal e, juntamente, as minhas mágoas e dores. É um sol que não voltarei a ver igual, por vezes baço e fazendo um esforço para romper o nevoeiro que resguardava o rio, outras vezes imponente e majestoso, erguendo a sua força sobre um rio que traz à cidade um turbilhão de gentes ensonadas e violentadas no sono da manhã.

Como é linda a minha cidade com a cara lavada por uma manhã de sol primaveril!

Mas agora tenho à minha frente este mar infindo, e por isso fui dizer o derradeiro até sempre à minha mansarda tão alta que nem em cima de uma cadeira lhe conseguia trocar as lâmpadas fundidas pelo esforço de iluminarem as minhas noites de nervos, raivas e sofrimentos!

(c) Dulce Dias - 1996-03-30

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