A vida não é mais que uma barcaça

Apetece-me fugir não sei do quê
Apetece-me gritar, ir mais além
É uma dor que queima porém
A veleidade de perguntar "porquê?"

Porquê eu? Porquê a dor e não a morte?
Que mal fiz eu, Senhor, ao Karma meu?
Queria apenas deitar-me com Morfeu,
Dormir, dormir, esquecer esta má sorte.

Esquecer sonhos perdidos, o passado
Apagar memórias sem um só lamento
Construir tudo novo no momento!

Mas o desejo foi silenciado:
A vida não é mais que uma barcaça
Com que Lethes nos persegue e nos caça.

(c) Dulce Dias – 1998-07-10

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