A única nota de beleza é a minha casa
Mais de cinco anos passados sobre o texto que hoje publico, olho para trás, para épocas conturbadas da minha vida, e não posso deixar de interrogar-me se a Dor não será a grande Mãe da Criação... A única nota de beleza é a minha casa Olhando o Tejo através da janela do meu quarto, penso em como ninguém compreende porque teimo em manter esta casa. Magnífica. Linda. E eis-me acorrentada de livre vontade a uma casa que me consome energias, sonhos e salários. Talvez nem eu saiba porque razão gosto tanto dela. É linda. Em cada recanto de princípio de século, em cada coup d'oeil que lanço pelas janelas, em cada tábua de soalho encerado que geme sob os meus passos, adoro esta casa. No branco das paredes inundado pelo brilho de um pôr de sol ou pelo doce calor de uma aurora. São paredes que habitam a minha alegria ou as minhas tristezas, mas são o que me resta do sonho sonhado. São o meu único "Q" que me dá prazer neste mundo que me é cada vez mais hostil. Sonho com a cultura, c