Lyon, essa desconhecida da qual me aproximo a medo

É Agosto e chove. A manhã acordou-me sob uma chuva miudinha e certinha que o sol em breve afastou. É assim o Verão em Lyon. Não temos consciência dele. Sucede-se em vagas sufocantes a dias diluvianos. 

Um pouco como os meus estados de espírito. O sol que agora se vê aquece-me a alma ainda há pouco gelada. 

Nutro por Lyon um misto de amor-ódio, tal como o que Cascais me desperta. Não consigo apaixonar-me por esta cidade como outrora me apaixonei por Bordéus. Talvez porque a idade seja outra e eu exija mais antes de entregar-me. Ou talvez porque Bordéus seja realmente mais calorosa e acolhedora do que Lyon. Ou então fui eu que criei outras raízes em Portugal e sinto mais a saudade do que a sentia há oito anos. 

O certo é que Lyon ainda me é uma desconhecida da qual me aproximo a medo. 

(c) Dulce Dias - Crónicas Leonesas - 2002-08-24 

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