Hoje colhi a primeira salsa da minha floreira. Que odor e que sabor! Aquilo que dantes era uma coisa natural, tornou-se agora um prazer raro e incomensurável: colher salsa fresca para a comer logo de seguida. Criada entre o campo e a cidade - que sorte! -, quando era menina, ia com a minha avó colher os frutos e legumes pela manhãzinha, quando ainda estão frescos. O pomar e a horta libertavam aromas inebriantes e puros. Na altura, a terra era terra e o único fertilizante era o estrume feito na estrumeira com os resíduos orgânicos do dia a dia. E em cada nova manhã, lá ia eu, gaiata, atrás da avó, colher os alimentos do dia. A vida era saudável. Aqui, na cidade, nada tem cheiro, nada tem sabor. Mesmo num passeio pelo mercado, ao domingo de manhã, à beira Saône, embora o olhar se deleite com as cores, não encontro cheiros. As laranjas estão parafinadas. As maçãs, vindas de Israel, são calibradas. E os tomates são apenas bonitos de ver. E a salsa, ai a pobre salsa, nunca cheira a nada! Ca...