Cansada de mim

Estou cansada de ti - e até de mim
E a dor que sinto é quase medo.
Prisioneira de mim é no degredo
que me refugio, mas não vejo o fim

da sina. Nas amarras presa, assim,
a um engano, nem doce nem ledo,
sinto-me estilhaçar como torpedo
e em pedaços descanso, enfim.

São bocados de mim feitos em dor,
enquanto teorizas o pudor
é a vida que me traz embriagada.

É um nó que estica o meu estretor,
um sufoco que mata o meu amor,
sou eu feita em pó, em merda, em nada.

(c) Dulce Dias - 1998-07-08

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