Pequeno-almoço no Martinho da Arcada

O sol beijava o Tejo e dava mais cor ao amarelo dos Ministérios.
Gente apressada passava sem ver Botero e as suas esculturas.
Embebedei-me de Lisboa e de vida. Senti o sangue percorrer cada milímetro das minhas veias. Senti a alma expandir-se-me no corpo e renasci das minhas próprias cinzas.
Veio-me de novo a vontade de viver e de lutar, de escrever e de triunfar. E de ser livre!
Senti, uma vez mais, a dicotomia amor-liberdade e a incapacidade de equilibrar tais elementos.
Estarei eternamente condenada à solidão criadora? Ou ao amor repetitivo?
Quero criar! Mas quero amar também...
A criação exige tempo. O amor exige ainda mais. Sem saber ainda a resposta, no sol que aquecia as arcadas do Martinho senti, contudo, a coragem de ser livre. De ser criadora.
(c) Dulce Dias – 1998-04-09
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