Direita vence eleições europeias

Pela terceira vez consecutiva, o Partido Popular Europeu (Democratas Cristãos) - e dos Democratas Europeus (PPE-DE) venceu as eleições para o Parlamento Europeu.

O PPE-DE terá, assim, recolhido 36,6% dos votos, o que lhe dá direito a 267 assentos no hemiciclo de Estrasburgo (segundo os resultados parciais às 3h00 da manhã, hora de Bruxelas).

Maior força do Parlamento Europeu desde 1999, o PPE representa uma vitória da direita, um pouco por toda a Europa.

Historicamente, em vários países, as eleições europeias representam uma espécie de teste aos governos nacionais. Na maior parte dos casos, elas resultam numa inversão da tendência governativa - os cidadãos começam a estar cansados do partido no poder (seja ele qual for) e pretendem sancioná-lo, com um voto na oposição.

Mas, desta vez, esta tendência histórica não se registou! A tendência geral aponta para uma vitória dos partidos no governo, quando são de direita - como em França, por exemplo - e para uma derrota dos partidos no governo, quando são de esquerda - é o caso de concreto de Portugal, ou da vizinha Espanha. Ou seja, onde a direita estava no poder, ela ganhou; e onde estava na oposição, ganhou também.

Em 25 dos 27 Estados membros, a direita ganhou. Malta e Grécia foram os únicos países onde a esquerda foi a força mais votada. E mesmo se juntarmos - num exercício puramente académico - socialistas, comunistas e trotskistas - coisa que, eles próprios não fazem -, a esquerda só sai vencedora em mais um país: curiosamente, Portugal, onde socialistas, comunistas e bloquistas reunidos elegem 12 eurodeputados, contra os 10 eleitos pelo PSD sozinho.

Como disse Graham Watson, o líder da bancada da Aliança dos Liberais e Democratas da Europa, em declarações à euronews, logo após a publicação dos primeiros resultados, estamos perante "uma mensagem clara que é que os nossos eleitores não querem um regresso ao socialismo. Os nossos eleitores acreditam que o mercado é a melhor maneira de melhorar os padrões de vida das pessoas e, sim, querem um mercado mais bem regulado, querem um governo com uma política social coesa e uma política ambiental responsável, mas querem um mercado que trabalhe. (...) Acho que se os eleitores votaram numa maioria de centro-direita no Parlamento, então estão à espera de uma coligação de centro-direita."

Destas eleições, destacam-se também duas outras tendências:

1) Uma extrema-direita em alta, em vários países europeus. Uma extrema-direita que baseou a campanha num discurso racista e xenófobo, de luta contra a imigração e o islão. Em tempos de crise, os proteccionismos têm, infelizmente, tendência a vir a lume.

2) Uma grande vitória dos Verdes Europeus, que devem passar de 43 para 51 eurodeputados - apesar de o novo hemiciclo ter perdido 49 lugares, face à legislatura que agora se termina e em virtude da aplicação das regras do Tratado de Nice. Esta que pode ser considerada uma vitória dos Verdes é a prova de que a ecologia começa a ser um tema que interessa os europeus, de forma transversal.

Mais pormenores:
- Resultados globais do hemiciclo aqui
- Resultados oficiais do PE, por grupo político e por país aqui

Comentários

Anónimo disse…
Em poucas palavras, aqui encontrei uma análise perfeita deste acto eleitoral, seus resultados e "consequências".

Bom trabalho.
A. Pinto Correia disse…
Retirar a ideia de que os eleitores não querem o socialismo, parece-me um abuso~; não querem "este" socialismo neo-liberal, arruamado algures numa gaveta. De resto, fizeste em poucas palavras uma excelente análise.
Beijos, ó gira
olinda silva disse…
Faz um intervalo...
O meu cantinho tem uma surpresa
para ti, vai até lá e diverte-te!!
Beijos dos meus…