A notícia é de sexta-feira, 29, mas não pode passar despercebida...


Grupo de direitos humanos acusa China de prender 33 internautas


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Na mesma semana em que o governo da China anunciou que mais pessoas do que nunca estão usando a internet no país, o grupo de direitos humanos Anistia Internacional - um dos mais influentes e respeitados do mundo - divulgou um relatório detalhando a detenção de 33 pessoas na China em ações ligadas ao uso da rede mundial de computadores.
A lista é repleta de nomes de ativistas e dissidentes acusados de atividades políticas feitas por meio da internet e inclui quatro membros do Partido Democrático da China, além de 14 nomes ligados ao Falun Gong, um movimento espiritual que é considerado ilegal no país.

O relatório também acusa grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Sun Microsystems, Cisco, Nortel e Websense de "fornecer tecnologias importantes que ajudaram as autoridades da China a censurar a internet". Todas as empresas citadas não responderam imediatamente ao pedido de que comentassem a acusação.

A Anistia Internacional aponta a Nortel Networks "juntamente com outras empresas internacionais" de abastecer a China com tecnologia que ajudará o governo a "deixar de filtrar o conteúdo no nível de gateway internacional para filtrar o conteúdo de computadores individuais nas casas, cafés de internet, universidades e empresas".

Entre outras fontes, a Anistia Internacional cita o trabalho de Greg Walton, um pesquisador do Centro Internacional de Direitos Humanos e Democracia, sediado em Montreal, como base de sua queixa pública.

As 33 prisões não significam que o governo chinês esteja varrendo as atividades que considera ilegais apenas na internet. A China prende regularmente ativistas políticos e em muitos casos a Web não está envolvida. Mas o fato mostra que o governo do país olha com lupa as atividades dos 54 milhões de internautas que a China diz ter.

"É muito difícil saber", diz Mark Allison, pesquisador da Anistia Internacional que escreveu o relatório, quando questionado sobre até que ponto as 33 detenções ocorreram por causa das atividades que essas pessoas exerciam na Web. "Todos foram presos parcialmente ou totalmente por causa do uso indevido da internet. Mas eles foram encontrados primeiramente porque estiveram usando a rede e suas identidades eram conhecidas."

Segundo o relatório da Anistia, a pior sentença - 12 anos de cadeia - foi para Yao Yue, um estudante de Pequim acusado de disseminar material de Web sites da Falun Gong. Entre os quatro membros do Partido Democrático da China, a sentença mais severa foi para Wang Jinbo, acusado de subversão e condenado a dez anos de detenção.

Para Allison, as 33 prisões "provavelmente são a ponta do iceberg". A Anistia pede a imediata libertação de todas as pessoas detidas em atividades relacionadas com a internet. "Qualquer pessoa presa apenas por publicar pacificamente suas visões ou informações na internet ou por acessar determinados Web sites devem ser libertada imediatamente e incondicionalmente", afirma o relatório.

[ Martyn Williams e Laura Rohde - IDG News Service, Tóquio e Londres ]

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