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A vertigem voraz da vida
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Avisaste-me de antemão que não sofresse. Desculpa-me se não soube seguir o teu conselho. Eu vivo a vida assim: intensamente. Expludo-me em miríades de luz e, depois, dilacero-me em pedaços de trevas lançados de mim. É a única forma que conheço de viver. Não sei evitar o sofrimento nem a dor. São sempre o colmatar do meu prazer. Mas, Deus!, não me impeçam de sentir o sabor, todo o sabor da Vida. Porque a Vida é um vendaval vadio. E eu vou no Tornado, no Furacão. Não me ponham travões nem me peçam para reduzir a velocidade. Não me impeçam de sentir a vertigem voraz de viver a Vida intensamente. (c) Dulce Dias - 1999-05-10
De como os portugueses sabem viver a vida ou a frigidez francesa
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Passados os choques iniciais da chegada a Lyon, começo - mais de um mês depois - a usufruir da vida francesa. De tal forma que ganhei coragem para me meter sozinha num TVG e partir de Lyon à descoberta da Cidade-Luz - que já me disseram ser escura e sombria. De Lyon, ainda conheço pouco. Falta-me um rio com a dimensão do Tejo para me orientar. O Ródano e a Saône não se comparam com o lar das Tágides - nem em dimensão nem em cor. Enlameados e encurralados, correm um para o outro com uma celeridade tal que envergonharia os amantes mais sôfregos. O meu Tejo, pelo contrário, reserva-se o tempo de se espraiar, deleitando-se no sopé das várias colinas de Lisboa, que beija com a sua língua cor de céu. Lisboa tem sete colinas; Lyon, apenas duas - a que reza e a que trabalha -, orgulho dos leoneses. Lisboa é uma mulher voluptuosa; Lyon é um ente andrógino e escorrido. Ao clima incerto da região - ora gélido e cortante, ora abrasadoramente sufocante -, junta-se uma população burguesa e fria
Lyon, essa desconhecida da qual me aproximo a medo
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É Agosto e chove. A manhã acordou-me sob uma chuva miudinha e certinha que o sol em breve afastou. É assim o Verão em Lyon. Não temos consciência dele. Sucede-se em vagas sufocantes a dias diluvianos. Um pouco como os meus estados de espírito. O sol que agora se vê aquece-me a alma ainda há pouco gelada. Nutro por Lyon um misto de amor-ódio, tal como o que Cascais me desperta. Não consigo apaixonar-me por esta cidade como outrora me apaixonei por Bordéus. Talvez porque a idade seja outra e eu exija mais antes de entregar-me. Ou talvez porque Bordéus seja realmente mais calorosa e acolhedora do que Lyon. Ou então fui eu que criei outras raízes em Portugal e sinto mais a saudade do que a sentia há oito anos. O certo é que Lyon ainda me é uma desconhecida da qual me aproximo a medo. (c) Dulce Dias - Crónicas Leonesas - 2002-08-24
Confluência
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Fui lá. Lá onde a terra acaba e o rio começa e eu nunca tinha imaginado como seria. É um local único, onde o sol se abate sobre a relva e o olhar se estende sobre o azul que desce para Sul. Sem sobressaltos, é um rio que se esvai noutro rio e que, no momento, são já só um. Dois amantes em sintonia perfeita, dois corpos liquefeitos que se repousam um no outro e cujos limites perdem a razão de ser. Ali, na confluência da Saône com o Ródano, a Presqu'Ile não é mais do que uma língua que acaricia aquele corpo único que naquele mesmo local se forma. O rio tem então o ar de dois amantes enlaçados no repouso sucede à fruição. As margens, de contornos suaves e doces curvas, lembram ancas femininas. A ondulação que vem beijar a terra é como uma mão masculina que acaricia os cabelos da amada. Sobre eles, abate-se um sol morno e tímido de começo de Primavera com uma luz velada e amorosa. É uma perfeição talhada por mãos humanas mas que finge ter sido feita assim pela Natureza. Como uma
Uma casa vazia de ti
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Tenho uma casa vazia de ti, à tua espera. Tenho pressa de ver-te nela, quero sentir-te sentires-te em casa. Quero que aprecies cada recanto como eu o aprecio e que ouças comigo o ranger do soalho sob os nossos corpos. Quero amarfanhar-te nos meus lençóis que então serão teus também. Espero que olhes comigo pelas janelas e que juntos apreciemos os comboios que chegam e partem na gare ao lado, trazendo esperanças e levando sonhos. Mas enquanto não vens, enquanto não estás aqui comigo a preencher o meu espaço e o meu corpo, tenho uma casa vazia de ti, à tua espera. (c) Dulce Dias - Crónicas Leonesas - 2003-03-24
O Esquissos fez definitivamente as malas...
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Olá amigos! O Esquissos fez definitivamente as malas. Agora mora no Blogger brasileiro . Podem encontrar todos os posts antigos em http://www.esquissos.blogger.com.br . Nem tudo esta ainda "au point", mas com o tempo lá chegarei. Obrigada pela vossa paciência e pela vossa fidelidade. Prometo voltar com novos textos. Um grande beijo
O Esquissos está a fazer as malas!!!
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Olá amigos! O Esquissos está a fazer as malas!!! Tendo em conta que o Blogger está a alterar todos os caracteres especiais e que não é possível alojar imagens, o Esquissos vai mudar-se para o Blogger brasileiro . O novo endereço será http://www.esquissos.blogger.com.br . Se alguém quiser ir (re)lendo os textos que estou a copiar, seja bem-vindo. Até já!